quarta-feira, 23 de maio de 2012

Aldrabas de Florença

Em Setembro do ano passado escrevi aqui um pequeno texto a que dei o nome de "Florença o assombro da capital do Renascimento". Hoje passados oito meses volto ao tema Florença, não para falar dos seus imensos tesouros artisticos, mas para falar de um objecto que provávelmente, passará despercebido aos olhares menos atentos e que no entanto me deixou fascinado. Falo das inúmeras variedades de aldrabas que pendem das muitas (felizmente) portas de madeira que existem na cidade, resistindo ainda  à vulgaridade do aluminio. Desde as mais simples argolas toscamente forjadas pelos antigos ferreiros, até às mais elaboradas obras de arte. Ao ver tantas aldrabas foi-se tornando claro para mim a importância que estes objectos tiveram muito antes do advento da banal campainha eléctrica. Para lá da sua função de anunciar ao dono da casa a presença de alguém, as mais  artisticas, através da sua simbologia, tinham também por objectivo afastar maus olhados  ou quaisquer outras intenções maldosas,  ao mesmo tempo que  mostravam a quem chegasse o poder e a riqueza do seu proprietário.
Assim e depois de muito fotografar, fiz 13 aguarelas a que dei o nome óbvio de "Aldrabas de Florença".
Podem visualizá-las na minha página ou no facebook. Também poderão vê-las ao vivo, em S.Cristóvão na sala de exposições da Junta de Freguesia entre 02 e 18 de Junho ou em Évora no Hotel D.Fernando de 23 de Junho a 31 de Julho.
Espero que Gostem.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Luz difusa.

Há muito tempo que se estabeleceu entre mim e a cidade de Évora uma espécie de relação amor/ódio que não consigo explicar.
Quando estou longe, sinto uma saudade que me provoca uma dor que por vezes é quase física.
Por outro lado quando lá estou chego a detestá-la.
Ao pintar esta aguarela tentei como que vingar-me, dando-lhe uma luminosidade e umas cores que não são as suas, a partir de uma vista fisicamente impossível.
Não demorei muito a perceber que não tinha conseguido o meu intento, porque a sua enfeitiçante beleza, permanece perene, imutável.   

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Florença, o assombro da capital do Renascimento.

Aqui estou eu, a tentar falar de Florença sem cair na tentação do lugar comum das adjectivações costumeiras, após o regresso de uma viagem de férias àquela que é mundialmente conhecida como a capital do Renascimento.
A tarefa não se afigura fácil, é que quase sem nos apercebermos, já estamos a falar de Miguel Ângelo, Botticelli, Rafael, Donatello, Maquiavel, Dante, Brunelleschi, Vasari.... .
Emoções, tantas e tão variadas. Umas partilhadas, outras que guardamos só para nós.
Duas no entanto sobressaem acima de todas, o sereno poder do David de Miguel Ângelo e a beleza de Simonetta, imortalizada na tela por Botticelli na sua Vénus.
Quanto à cidade em si, as lembranças, permanecem algo difusas... recordações de uma imensa Babel.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um mar de pão

Alentejo, 25 de Junho de 2011, são duas horas de uma tarde escaldante, com a temperatura a rondar os 40º ao sol. Está um daqueles inícios de tarde modorrentos, em que só apetece dormir uma sesta ou então ficar sentado num qualquer lugar, de preferência com ar condicionado.
Estou no meu estúdio à espera que sequem as primeiras aguadas do que há-de ser uma vista sobre a cidade de Évora, que agora iniciei, quando ao afastar-me do cavalete para ver como está a ficar o trabalho, o meu olhar se detém numa aguarela que pintei no ano passado e a que dei o nome de, "Um mar de pão". Veio-me então à lembrança (não que eu tenha vivido esses tempos) que, há muitos anos atrás, ranchos de homens e mulheres trabalhavam de sol a sol debaixo de canículas como a de hoje, no meio de mares de trigo escaldante, lutando para arrancar à terra o tão precioso pão.
 Para eles, vai a minha singela homenagem.   

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Zero Vastness

Primeiro surge a ideia. Ainda de forma algo difusa. É a altura de partir para um esboço muito rápido, sem qualquer tipo de preocupação formal ou compositiva, apenas para que o flash não desapareça. Depois a ideia inicial vai ganhando forma, fazem-se os primeiros esboços preparatórios e ensaia-se a côr, tiram-se algumas fotos que mais tarde servirão como referência, escolhe-se o tipo de papel que se vai utilizar, define-se as dimensões do trabalho e dá-se inicio ao processo criativo. Passadas  cerca de três semanas e depois de alguns avanços e recuos chega-se á conclusão que o melhor é parar por ali. Como diria o grande aguarelista espanhol Júlio Quesada "Não mexas mais na rosa porque ela é mesmo assim".
Em conclusão e sem qualquer tipo de falsa modéstia não posso dizer que tenha ficado muito impressionado com o resultado final.
Permanece sempre a mesma sensação de que menos é quase sempre mais, penso que o desiderato não foi plenamente alcançado.
continuemos a tentar. 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Processo Orgânico

"O montado alentejano é um espaço ritual,de paisagem construída ao longo de milhares de anos, o pintor Manuel Casa Branca recebe dos seus símbolos (o sobreiro, a anta, o menir), os elementos que constroem a sua pintura...".
Fiel à sua demanda de pintor do património ecológico e histórico do montado alentejano, Manuel Casa Branca inaugurou no passado dia 12 de Março na galeria 9Ocre em Montemor - o -Novo a exposição individual intitulada "Processo Orgânico", que estará patente ao público até ao próximo mês de Maio.
Tal como o nome indica esta é uma mostra em permanente mutação, o visitante pode ao longo dos sábados acompanhar o processo criativo na evolução de uma pintura efectuada numa tela de grandes dimensões iniciada no começo da exposição e que o pintor prevê esteja concluída no encerramento da mesma, bem como aperceber-se das alterações que forem ocorrendo no espaço expositivo.
Aproveite a dica e venha até Montemor, vai ver que não se arrepende.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

My Choice

Foi com grande expectativa que no passado sábado fui  até Cascais com o propósito de ver a exposição My Choice, que se encontra patente na Casa das Histórias Paula Rego.
Esta é uma mostra produzida em parceria com o British Council e a Fundação EDP, sendo comissariada pela própria Paula Rego. Estão expostas 120 obras que abarcam desde a gravura ao desenho, passando pela pintura e pela fotografia.
O critério de selecção das obras como a pintora faz questão de salientar, é bastante heterogéneo e livre, não obedecendo a qualquer tipo de motivação sistemática, tendo por base apenas o gosto de quem as escolheu.
É certo que em última análise o que conta é a sensibilidade estética de cada um, mas cá por mim, vale a pena ver.